Hoje fui até à cidade grande.
Aquela onde cresci e onde me fiz homem.
Onde estudei.
Onde tive a minha primeira namorada.
Uma cidade banhada pelo mar.
Bem no Barlavento algarvio.
Passeava pelo avenida quando ouvi uma voz feminina a chamar: "António...".
Olhei para quem clamava tal nome.
Corria em direcção a mim.
A cara não me era estranha.
Mas aquele corpo sensual,
Aquele cabelo loiro,
Olhos de cor avelã,
O sorriso...
Mal chegou a mim abraçou-me e beijou-me.
Nem tive tempo de pensar o quer que seja.
Reconheci logo pelo beijo doce e profundo quem me abraçaca e beijava.
A minha querida amiga Tomy.
Meu Deus, linda de morrer.
A Tomy foi minha colega na escola, em Santo Amaro.
Já não nos víamos vai para mais de 50 anos.
"Duas gerações" disse-me.
Fomos até ao "Oceano" para beber um cafezinho e para metermos o nosso passado em dia.
A "minha Tomy" como lhe chamava na escola, é uma mulher linda.
Enquanto falavámos os seus olhos penetravam bem dentro de mim.
Pensei coisas que não devia pensar.
Ela apercebeu-se e sorriu.
"Não penses o que estas a pensar.
Sou uma mulher casada.
Tenho filhos e netos.
Aqui na cidade todos me conhecem.
Além do mais tenho que me proteger e proteger a minha imagem.
Um dia quem sabe se..."
Este "um dia quem sabe..." fez-me chorar porque a Tomy não é qualquer pessoa para mim nem eu sou um desconhecido para ela.
Quando, da despedida, lhe pedi se podia ir jantar à casa dela, para comemorarmos o nosso encontro e conhecer o marido, respondeu-me com um sorriso doce e uma voz terna:
"És maluco.
Ele se te visse lá em casa ainda nos matava.
Não demorá muito que não tenhamos muitos jantares a dois..."
Percebi a mensagem.
Qando nos despedimos, depois de me beijar, sussurou-me ao ouvido:
"AMO-TE"