A certeza de que muitas mais pessoas me reconhecem na rua é uma sensação muito estranha, mas também agradável. Estranha, porque é algo que nunca julguei vir a viver. Agradável, porque vejo nos olhos de quem me olha as emoções mais distintas. Algumas pessoas mostram de imediato a alegria de me encontrarem, mas não se aproximam. Outras, não conseguem esconder um rasgo de indiferença forçada ou desconforto ao me verem. Outras ainda, ficam nervosas e murmuram entre si palavras imperceptíveis sobre a minha presença. Ainda outras, as mais gentis, veem ter comigo e trocam meia dúzia de palavras de contentamento e espontaneidade. Ser conhecido não é de maneira nenhuma uma praga. É uma forma de testar a minha humildade. Uma maneira de me lembrar quem sou. Quem não quero deixar de ser.
«acMMXXIV»
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