«Estes textos são apenas ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.»

terça-feira, 9 de novembro de 2021

A MINHA VIZINHA ADRIANA

 

 

A minha vizinha e amiga Adriana é uma  mulher especial.

Para além de bonita gosta da minha praia.

A nossa amizade também é especial.

Porque a conheço melhor do que ela pensa, às vezes até julgo ser a minha “alma gémea”.

Temos tanta coisa em comum.

A Adriana perde-se par ir sozinha para a nossa praia.

Mete a sua máquina fotográfica a “tiracolo” e depois entra no seu “saxo” a caminho do mar.

Gosta de ir sempre a meio das tardes, daquelas  em que há pouca gene na praia.

Quando lá chega, depois de deixar o carro na garagem da sua casa, vai logo direitinha à praia.

Bem próxima do mar, senta-se na areia para deixar “este mundo” e concentrar-se no que mais gosta de ver:

Esperar pelo pôr-do-sol.

Com a “objectiva” prontinha é tirar fotos e mais fotos ao que de belo a Natureza lhe oferece.

Momentos únicos.

São nestes momentos que a minha amiga Adriana deixa de ser quem é.

Há momentos em que a despedida do dia para a noite deixam  Adriana transfigurada porque sente-se  pequenina perante tal grandeza.

Depois no dia seguinte oferece-me as melhores fotos como se eu fosse o seu “cofre secreto”.

Gosto muito da minha vizinha porque tem um coração do tamanho do mundo.

Merecia que o mundo lhe desse coisas melhores do que aquelas que fazem parte da sua vida.

Mas nunca reclama.

 Quando lhe digo para “procurar melhor” diz-me sempre:

“Já me conformei  com esta vida!

Que hei-de fazer?”.

Temos muito em comum e gostos iguais.

 


Na última Lua Cheia, a noite estava quente e com um  céu que parecia de dia

Fui até à minha praia.

Quando lá cheguei pouco faltava para o dia acabar e outro começar.

Fui até à Geladaria comprar um meu “baunilha com chocolate”.

 A Cláudia, que me conhece, vai para anos, sorriu-me quando me viu pela noite adentro a entrar pelo estabelecimento.

“Só pode ser uma de duas coisas:

 Vem à procura de alguém muito especial ou para se encontrar com a sua lua”.

Disse-lhe que era a segunda.

Sorriu.

Primeiro saboreei  o meu gelado.

Depois,

Descalcei-me e fui de encontro ao meu mar para me sentar bem perto dele.

Momentos muito meus.

Enquanto caminhava apercebi-me que estavam duas pessoas sentadas no “meu local”.

Quando cheguei junto delas…

Era a Adriana e a sua filha Oceania.

Silenciosas olhavam para a Lua a beijar o Mar.

Abraçadinhas como só uma mãe sabe abraçar a filha.

Uma cena de autêntica ternura

A Oceania é tudo para a Adriana.

Quando falo com a minha vizinha sobre a filha a conversa é sempre a mesma:

“A filhota para aqui, a Oceania para acolá”

Uma mãe babada e vaidosa como são as mães que amam as filhas.

Sentei-me junto da minha amiga grande e da pequena.

Apenas nos cumprimentamos-nos.

Não falamos.

Nestes momentos devemos falar o menos possível  porque a lua está a beijar o mar e quando se beijam o mundo deixa de ser mundo..

Às vezes até fala para nós.

Já a lua tinha deixado o nosso mar quando o Sol dava sinais de estar a chegar.

Caminhamos os três para a Pastelaria  da Célia.

Aqui o pequeno-almoço tem outro sabor.

“Cheira a pãozinho quente.

Gosto  deste cheirinho

Hummmm!”

Disse a Oceania.

Não nos viemos embora sem satisfazer o nosso lado infantil:

Subir e descer no nosso elevador.

«acMMXXI»



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