A minha vizinha e amiga Adriana é uma mulher especial.
Para além de bonita gosta da minha praia.
A nossa amizade também é especial.
Porque a conheço melhor do que ela pensa, às vezes até julgo ser a minha “alma gémea”.
Temos tanta coisa em comum.
A Adriana perde-se par ir sozinha para a nossa praia.
Mete a sua máquina fotográfica a “tiracolo” e depois entra no seu “saxo” a caminho do mar.
Gosta de ir sempre a meio das tardes, daquelas em que há pouca gene na praia.
Quando lá chega, depois de deixar o carro na garagem da sua casa, vai logo direitinha à praia.
Bem próxima do mar, senta-se na areia para deixar “este mundo” e concentrar-se no que mais gosta de ver:
Esperar pelo pôr-do-sol.
Com a “objectiva” prontinha é tirar fotos e mais fotos ao que de belo a Natureza lhe oferece.
Momentos únicos.
São nestes momentos que a minha amiga Adriana deixa de ser quem é.
Há momentos em que a despedida do dia para a noite deixam Adriana transfigurada porque sente-se pequenina perante tal grandeza.
Depois no dia seguinte oferece-me as melhores fotos como se eu fosse o seu “cofre secreto”.
Gosto muito da minha vizinha porque tem um coração do tamanho do mundo.
Merecia que o mundo lhe desse coisas melhores do que aquelas que fazem parte da sua vida.
Mas nunca reclama.
Quando lhe digo para “procurar melhor” diz-me sempre:
“Já me conformei com esta vida!
Que hei-de fazer?”.
Temos muito em comum e gostos iguais.
Na última Lua Cheia, a noite estava quente e com um céu que parecia de dia
Fui até à minha praia.
Quando lá cheguei pouco faltava para o dia acabar e outro começar.
Fui até à Geladaria comprar um meu “baunilha com chocolate”.
A Cláudia, que me conhece, vai para anos, sorriu-me quando me viu pela noite adentro a entrar pelo estabelecimento.
“Só pode ser uma de duas coisas:
Vem à procura de alguém muito especial ou para se encontrar com a sua lua”.
Disse-lhe que era a segunda.
Sorriu.
Primeiro saboreei o meu gelado.
Depois,
Descalcei-me e fui de encontro ao meu mar para me sentar bem perto dele.
Momentos muito meus.
Enquanto caminhava apercebi-me que estavam duas pessoas sentadas no “meu local”.
Quando cheguei junto delas…
Era a Adriana e a sua filha Oceania.
Silenciosas olhavam para a Lua a beijar o Mar.
Abraçadinhas como só uma mãe sabe abraçar a filha.
Uma cena de autêntica ternura
A Oceania é tudo para a Adriana.
Quando falo com a minha vizinha sobre a filha a conversa é sempre a mesma:
“A filhota para aqui, a Oceania para acolá”
Uma mãe babada e vaidosa como são as mães que amam as filhas.
Sentei-me junto da minha amiga grande e da pequena.
Apenas nos cumprimentamos-nos.
Não falamos.
Nestes momentos devemos falar o menos possível porque a lua está a beijar o mar e quando se beijam o mundo deixa de ser mundo..
Às vezes até fala para nós.
Já a lua tinha deixado o nosso mar quando o Sol dava sinais de estar a chegar.
Caminhamos os três para a Pastelaria da Célia.
Aqui o pequeno-almoço tem outro sabor.
“Cheira a pãozinho quente.
Gosto deste cheirinho
Hummmm!”
Disse a Oceania.
Não nos viemos embora sem satisfazer o nosso lado infantil:
Subir e descer no nosso elevador.
«acMMXXI»
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