Para ti, que és poetisa, Emília, que no meu funeral o céu fique escuro de tanta pomba sobrevoar as tábuas do meu caixão e que do céu venham folhas minúsculas de hortenses, a flor preferida da minha mãe e da árvore que me irá aconchegar nas profundezas da terra que caia uma folha para cima da tampa do meu caixão para me fazer companhia como aquela que caiu em cima do caixão de Ana Margarida.
Sabes quem foi a Ana Margarida?
Nunca saberás porque é um segredo muito meu que guardo no meio do meu coração e que tantas lágrimas me faz correr quando a Lua olha para mim e me diz::
" António, tens muitas saudades dessa linda menina não tens?"
São nestes momentos que sinto entrar pela varanda da minha casa o aroma do jasmim a flor que Ana Margarida tanto gostava.
Quando Ana Margarida desceu para as profundezas da terra, deitei para cima do seu caixão um lindo ramo destas flores,
Ainda hoje sinto a dor na minha alma quando ouvi a primeira pá de terra a cair em cima do caixão da minha querida Ana Margarida
Por isso Emilia gosto de ler as tuas palavras e sentir o sabor amargo das tuas lágrimas quando escreves cuja humidade fica escondida nas palavras que tanto gostas de escrever
Cara Emília como vês temos gostos idênticos
Um abraço
António Centeio"
«acMMXXI»
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