Não entendi na altura a extensão do meu grito para comigo mesmo, porque não tinha ainda consciência de que tinha sofrido quase toda a minha infância, não um sofrimento de perdas, mas um sofrimento de faltas. Faltou-me o amor e não senti a valorização. Menti-me para poder viver sem isso. Acreditei nas minhas próprias mentiras enquanto socorro contra as verdades que não quis saber. Criei uma vida ao lado da vida que não me era permitido viver. Entre os segredos que guardei comigo, ficou a certeza não do que nunca soube, mas do que soube sem ninguém me ter dito. Trouxe no meu coração a dor de quem não se sentiu amado. Nem odiado. Apenas acompanhado.
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