Lembro-me como fosse hoje:
Eram 12.20h quando cheguei
à estação de Coimbra.
Ela estava encostada a
um dos muitos pilares da estação.
O sinal era:
“Terei encostada à minha cara uma revista”.
Quando desci estava a
dois ou três metros dela.
Uma mulher linda
olhava para quem saía.
Reconheci-a logo.
Quando me dirigi a
ela.
“Oi…”
Reconheceu-me logo (já lhe tinha enviado a minha fotografia)
Ri-me.
Reparei que ela estava
nervosa por causa do nosso primeiro encontro.
“Vamos alí ao bar tomar um café!” disse-me.
As suas mãos tremiam.
Não lhe disse nada.
Tinha uns olhos lindos.
Cabelos compridos,
Bem cuidados,
Côr de avelã,
Perfumada com aroma
da essência de Jasmim.
(Uma cheiro que nos acompanharia no futuro)
Pensei para comigo:
Vou ser feliz com a OTIS.
Não me deixou pagar o
gasto.
“Agora vamos almoçar a Santa Lúzia”.
Pela primeira vez comi
Picanha.
Enquanto almoçávamos
nunca tirei os olhos dela.
Linda de morrer.
Uns olhos que me queimavam
por dentro.
Meu Deus…
OTIS estava
atrapalhada por tanto a olhar.
“Porque me olhas
desse jeito?”
És linda de morrer.
Depois do almoço levou-me a passear pela cidade.
Mostrou-me a Faculdade
onde estudou e onde se formou.
Depois de formada
decidiu ficar a trabalhar em Coimbra.
Apenas ia à sua terra
natal passar férias no Verão porque
tinha lá a sua mãe para além da casa que lhe
permitia estar a curta distância da praia.
Bem no Sul.
Falamos de nós e do mundo de cada um.
A tarde já ia a meio
quando me levou aos jardins do Buçaco.
Encaminhou os nosso
passos para próximo de uma queda de água onde apenas se ouvia o cair da água.
Por cima de nós os ramos
da velha árvore escondia-nos de olhares estranhos.
Sentamo-nos, bem
juntinhos um do outro, em cima do banco de pedra que era pertença do Hotel, que
ficava mais além.
Ela não falou,
Nem eu,
Mas…
Os seus olhos
enlouqueciam-me,
O cheiro do perfume fazia
com que eu tivesse outros pensamentos,
A perfeição do seu
corpo…
Sentia a minha alma
ardente e o meu coração carente.
Abracei-a com desejo e
ansiedade.
Beijei-a de forma
estranha.
Todo eu entrei na sua
boca.
Senti a sua língua doce
e quente na minha boca.
Enquanto a abraçava e
beijava as minhas mãos acariciavam as suas mamas.
Momentos únicos e
muito nossos que se repetiriam durante muito tempo.
A tarde estava a acabar quando me levou à estação para o meu regresso.
Despedimo-nos como se
nos amassemos há muito tempo.
No dia seguinte tinha
na minha caixa de correio estas palavras:
“Toda a noite
senti as tuas mãos nas minhas mamas!”
Respondi-lhe:
E eu a tua
camisola em cima das minhas mãos.
Durante três
anos fomos amantes.
Três anos de
felicidade em que a OTIS me ensinou a amar e a ser amado.
Que me despertou em
mim aquilo que eu não sabia que possuía.
Que me ensinou a
vestir e a gozar o bom da vida.
Um amor verdadeiro,
Sem interesses de
ambas as partes.
Um amor puro.
Mas acima de tudo um
grande amor.
“Tens que
resolver a tua vida para que possamos viver junto
Quero-te só para
mim,
Quero que sejas
só meu.
Quero que morramos
os dois abraçados um ao outro a fazer amor,
Quero-te dar um
filho e quero ter uma filha de ti,
…”
Deu-me um prazo porque
eu era casado.
Resolvi a situação da
melhor maneira.
Divorciei-me.
Casamos numa tarde de
Santo António.
E numa tarde de Verão
não nasceu o nosso filho mas sim a nossa filha.
Linda como a mãe!
Nas nossas primeiras
férias fomos para Messines para festejar o segundo aniversário do nosso grande
amor junto da mãe de OTIS.
Ao entrarmos na
primeira curva de S. Bartolomeu, OTIS perdeu o domínio do carro.
Quando acordei no
hospital tinha junto de mim uma enfermeira que me segurava uma mão.
Perguntei-lhe pela
minha mulher e pela minha filha.
Não sei o que me disse
nem sei a razão do tempo ter parado.
O meu grande amor
tinha morrido no acidente.
Com ela levou o nossa filha.
Nunca mais fui o
mesmo.
Dentro de mim uma
enorme dor vai-me consumindo aos poucos.
O mundo deixou de ser mundo para mim.
O mundo deixou de ser mundo para mim.
*
Ontem à noite falei
com a minha amiga Sabrina.
Estava aborrecida com
ela própria.
Disse-me que a vida é-lhe
“sempre
mais do mesmo!”.
Pediu-me para que hoje
escrevesse qualquer coisa.
Gosta de me ler todos os dias.
Prometi-lhe que o
faria, para a animar.
“Escreve algo
sobre ti.”
O que escrevi é para ti Sabrina para que não penses que a vida é sempre mais do mesmo.
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