«Estes textos são apenas ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.»

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

O NOSSO PRIMEIRO ENCONTRO



Lembro-me como  fosse hoje:
Eram 12.20h quando cheguei à estação de Coimbra.
Ela estava encostada a um dos muitos pilares da estação.
O sinal era:
“Terei  encostada à minha cara uma revista”.
Quando desci estava a dois ou três metros dela.
Uma mulher linda olhava para quem saía.
Reconheci-a logo.
Quando me dirigi a ela.
“Oi…”
Reconheceu-me logo (já lhe tinha enviado a  minha fotografia)
Ri-me.
Reparei que ela estava nervosa por causa do  nosso primeiro  encontro.
“Vamos alí  ao bar tomar um café!” disse-me.
As suas mãos tremiam.
Não lhe disse nada.
Tinha uns olhos lindos.
Cabelos compridos,
Bem cuidados,
Côr de avelã,
Perfumada com  aroma da essência de Jasmim.
(Uma cheiro que  nos acompanharia no futuro)
Pensei para comigo:
Vou ser feliz com a OTIS.
Não me deixou pagar o gasto.
“Agora vamos  almoçar a Santa Lúzia”.
Pela primeira vez comi Picanha.
Enquanto almoçávamos nunca tirei os olhos dela.
Linda de morrer.
Uns olhos que me queimavam por dentro.
Meu Deus…
OTIS estava atrapalhada por tanto a olhar.
“Porque me olhas desse jeito?”
És linda de  morrer.
Depois do almoço  levou-me a passear pela cidade.
Mostrou-me a Faculdade onde estudou e onde se formou.
Depois de formada decidiu ficar a trabalhar em Coimbra.
Apenas ia à sua terra natal passar férias  no Verão  porque tinha lá a sua mãe  para além da  casa que lhe permitia estar a curta distância da praia.
Bem no Sul.
Falamos de nós e do  mundo de cada um.
A tarde já ia a meio quando me levou aos jardins do  Buçaco.
Encaminhou os nosso passos para próximo de uma queda de água onde apenas se ouvia o cair da água.
Por cima de nós os ramos da velha árvore escondia-nos de olhares estranhos.
Sentamo-nos, bem juntinhos um do outro, em cima do banco de pedra que era pertença do Hotel, que ficava mais além.
Ela não falou,
Nem eu,
Mas…
Os seus olhos enlouqueciam-me,
O cheiro do perfume fazia com que eu tivesse outros pensamentos,
A perfeição do seu corpo…
Sentia a minha alma ardente e o meu coração carente.
Abracei-a com desejo e ansiedade.
Beijei-a de  forma estranha.
Todo eu entrei na sua boca.
Senti a sua língua doce e quente na minha boca.
Enquanto a abraçava e beijava as minhas mãos acariciavam as suas mamas.
Momentos únicos e muito nossos que se repetiriam durante muito  tempo.
A tarde estava a acabar quando me levou  à estação para o meu regresso.
Despedimo-nos como se nos amassemos há muito tempo.
No dia seguinte tinha na minha caixa de correio estas palavras:
“Toda a noite senti as tuas mãos nas minhas mamas!”
Respondi-lhe:
E eu a tua camisola em cima das minhas mãos.
Durante  três anos fomos amantes.
Três anos de felicidade em que a OTIS me ensinou a amar e a ser amado.
Que me despertou em mim aquilo que eu não sabia que possuía.
Que me ensinou a vestir e a gozar o bom da vida.
Um amor verdadeiro,
Sem interesses de ambas as partes.
Um amor  puro.
Mas acima de tudo um grande amor.
“Tens que resolver a tua vida para que possamos viver junto
Quero-te só para mim,
Quero que sejas só meu.
Quero que morramos os dois abraçados um ao outro a fazer amor,
Quero-te dar um filho e quero ter uma filha de ti,
…”
Deu-me um prazo porque eu era casado.
Resolvi a situação da melhor maneira.
Divorciei-me.
Casamos numa tarde de Santo António.
E numa tarde de Verão não nasceu o nosso filho mas sim a nossa filha.
Linda como a mãe!
Nas nossas primeiras férias fomos para Messines para festejar o segundo aniversário do nosso grande amor junto da mãe de OTIS.
Ao entrarmos na primeira curva de S. Bartolomeu, OTIS perdeu o domínio do carro.
Quando acordei no hospital tinha junto de mim uma enfermeira que me segurava  uma mão.
Perguntei-lhe pela minha mulher e pela minha filha.
Não sei o que me disse nem sei a razão do tempo ter parado.
O meu grande amor tinha morrido no acidente.
Com ela levou o nossa filha.
Nunca mais fui o mesmo.
Dentro de mim uma enorme dor  vai-me  consumindo aos poucos.
O mundo deixou de ser mundo para mim.

*

Ontem à noite falei com a minha amiga Sabrina.
Estava aborrecida com ela própria.
Disse-me que a vida é-lhe   “sempre mais do mesmo!”.
Pediu-me para que hoje escrevesse qualquer coisa.
Gosta de me ler todos os dias.
Prometi-lhe que o faria, para a animar.
“Escreve algo sobre ti.”
O que escrevi é  para ti Sabrina para que não penses que a vida é  sempre mais do mesmo.


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