Hoje
apeteceu-me ir fazer uma “visita surpresa” à minha amiga Sandrine.
É uma amiga
especial porque o seu pai foi uma pessoa especial para mim e porque a Sandrine
é filha de quem ajudou num mau momento da
vida uma minha familiar daqui querer manter esta amizade para além de ter uma grande consideração por esta amiga.
Quando ia a
meio da rua passou um carro por mim para depois parar de seguida.
De dentro
deste uma voz disse:
“Ma chérie
Ma chérie, je t'aime toujours »
Olhei para traz para ver se era comigo.
Era a Bia.
Ui…
A Bia
é uma amiga de infância.
Andamos na
escola juntos.
Fui o seu
primeiro namorado na escola e o seu grande amor.
Ainda hoje o
sou.
A Bia
sempre foi uma mulher linda em todos os sentidos.
Já não nos víamos
vai para alguns anos.
Eu continuei
e continuo a viver nesta terra linda banhada de bem perto pelo meu rio.
A Bia
foi bem cedo com os pais para terras de França.
A Vida
separou-nos por algum tempo.
Trocávamos
correspondência um com o outro para não perdemos a nossa amizade e para que eu nunca deixasse de
ser o seu grande amor.
Casou com um
francês que lhe deu uma vida boa mas o seu grande amor continua a estar nesta terra.
"Tu étais et tu seras toujours mon grand amour. Je t'aime
toujours comme je t'aimais à l'école. Un jour, quand je deviens veuve, je veux
vivre avec toi ...”.
Tive que me rir.
“Onde vais?”
Vou ali levar estes “pastéis de nata” a uma
amiga.
Tirou-me a caixinha que os
guardava e comeu-os logo ali à minha frente.
“Anda.
Entra no
carro.
Vamos até à
cidade grande ao local onde nos beijamos pela primeira vez.
Lembras-te
onde foi?
Devíamos ter
para ai uns catorze ou quinze anos.
Sempre te amei”
Eu sei que é verdade.
Sentámo-nos num banco que
nos permitia, enquanto falávamos, ver a nossa lezíria em todo o seu esplendor.
“Acolá do nosso
lado esquerdo é a nossa terra.
Tenho saudades
de andar nas nossas ruas.
Tenho saudades
do tempo eu que eras o meu namorado”
As lágrimas corriam-lhe
pela face.
Também chorei!
Afinal foi a minha
primeira namorada.
Nunca nos esquecemos do
nosso primeiro amor.
Falou-me da sua vida
pessoal.
Está muito bem na vida.
Não tens filhos.
Apenas vive com o homem a
que chama de “marido” “porque eu é que devia ser o marido dela.
Bia sempre foi uma
rapariga elegante.
Alta, esbelta, de olhos
verdes.
Linda de morrer.
Doce como doce são os seus
lábios.
Disse-me que tem uma “vivenda”
na Paderneira com vista para o mar.
Num dia a combinar, da próxima
semana, vem-me buscar para ir com ela passar um dia na sua casa e “fazermos
amor para matarmos saudades…”
Aceitei o convite e o
longo beijo que me deu.
Sempre a Bia
que tanto me amou e tanto gosta de mim.
Também gosto dela!
Mas também a amo – secretamente
– porque se lhe digo que a amo é mulher para me meter no carro e obrigar-me a fugir com ela.
Falamos da nossa infância
e dos nossos tempos de escola.
“Sabes que já nos resta poucos companheiros de viagem.
Já partiu o
Mário João, o…”
Os que cá
estão já se contam pelos dedos das duas mãos…”.
Até me
arrepiei porque é verdade.
Mas eu não
quero acabar a viagem sem antes de ser tua e contigo viver”.
Abracei-a para a beijar de
seguida.
"Ah!...
Tenho uma novidade para ti.
Já vivo permanentemente na Nazaré.
Ele está na nossa casa em Paris e de tempos a tempos vem aqui ou eu vou lá"
Hoje vamos jantar a
Almeirim.
“Amor nem
sabes como gosto da Sopa de Pedra”.
Olhou-me mais uma vez com
os olhos mais lindos do mundo
“Nem sabes o
quanto gosto de ti.
Se não
estivéssemos onde estamos trincava-te todo…
Mas descansa
que não perdes pela demora…”
Bia…
Bia…
Sempre a mesma
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