«Estes textos são apenas ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.»

sábado, 20 de junho de 2020

VALEU APENA SER AMADO POR QUEM ME AMOU




Hoje apeteceu-me ir fazer uma “visita surpresa” à minha amiga Sandrine.
É uma amiga especial porque o seu pai foi uma pessoa especial para mim e porque a Sandrine é filha de quem  ajudou num mau momento da vida  uma minha familiar daqui  querer manter esta amizade para além de ter uma grande consideração por esta amiga.

Quando ia a meio da rua passou um carro por mim para depois parar de seguida.
De dentro deste uma voz disse:

Ma chérie 
Ma chérie, je t'aime toujours »
Olhei para traz para ver se era comigo.
Era a Bia.

Ui…

A Bia é uma amiga de infância.
Andamos na escola juntos.
Fui o seu primeiro namorado na escola e o seu grande amor.
Ainda hoje o sou.
A Bia sempre foi uma mulher linda em todos os sentidos.
Já não nos víamos vai para alguns  anos.
Eu continuei e continuo a viver nesta terra linda banhada de bem perto pelo meu rio.
A Bia foi bem cedo com os pais para terras de França.
A Vida separou-nos por algum tempo.
Trocávamos correspondência um com o outro para não perdemos a nossa amizade e para que eu nunca deixasse  de ser o seu grande amor.
Casou com um francês que lhe deu uma vida boa mas o seu grande amor continua a estar nesta terra.

"Tu étais et tu seras toujours mon grand amour. Je t'aime

toujours comme je t'aimais à l'école. Un jour, quand je deviens veuve, je veux
vivre avec toi ...”.


Tive que me rir.

“Onde vais?”

Vou ali  levar estes “pastéis de nata” a uma amiga.

Tirou-me a caixinha que os guardava e comeu-os logo ali à minha frente.

“Anda.
Entra no carro.
Vamos até à cidade grande ao local onde nos beijamos pela primeira vez.
Lembras-te onde foi?
Devíamos ter para ai uns catorze ou quinze anos.
Sempre te amei”

Eu sei que é verdade.
Sentámo-nos num banco que nos permitia, enquanto falávamos, ver a nossa lezíria em todo o seu esplendor.
“Acolá do nosso lado esquerdo é a nossa terra.
Tenho saudades de andar nas nossas ruas.
Tenho saudades do tempo eu que eras o meu namorado”

As lágrimas corriam-lhe pela face.
Também chorei!

Afinal foi a minha primeira namorada.
Nunca nos esquecemos do nosso primeiro amor.

Falou-me da sua vida pessoal.
Está muito bem na vida.
Não tens filhos.
Apenas vive com o homem a que chama de “marido” “porque eu é que devia ser o marido dela.

Bia sempre foi uma rapariga elegante.
Alta, esbelta, de olhos verdes.
Linda de morrer.
Doce como doce são os seus lábios.

Disse-me que tem uma “vivenda” na Paderneira com vista para o mar.
Num dia a combinar, da próxima semana, vem-me buscar para ir com ela passar um dia na sua casa e “fazermos amor para matarmos saudades…”
Aceitei o convite e o longo beijo que me deu.
Sempre a Bia que tanto me amou e tanto gosta de mim.
Também gosto dela!
Mas também a amo – secretamente – porque se lhe digo que a amo é mulher para me meter no carro e obrigar-me a fugir com ela.
Falamos da nossa infância e dos nossos tempos de escola.

“Sabes que já  nos resta poucos companheiros de viagem.
Já partiu o Mário João, o…”
Os que cá estão já se contam pelos dedos das duas mãos…”.
Até me arrepiei porque é verdade.
Mas eu não quero acabar a viagem sem antes de ser tua e contigo viver”.


Abracei-a para a beijar de seguida.

"Ah!...
Tenho uma novidade para ti.
Já vivo permanentemente na Nazaré.
Ele está na nossa casa em Paris e de tempos a tempos vem aqui ou eu vou lá"

Hoje vamos jantar a Almeirim.
“Amor nem sabes como gosto da Sopa de Pedra”.
Olhou-me mais uma vez com os olhos mais lindos do mundo
“Nem sabes o quanto gosto de ti.
Se não estivéssemos onde estamos trincava-te todo…
Mas descansa que não perdes pela demora…”

Bia…
Bia
Sempre a mesma

Sem comentários:

Enviar um comentário