«Estes textos são apenas ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.»

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

“O MEU TEMPO”


Era a mulher mais bonita que alguma vez vi na minha vida.
Bem cedo aprendeu que só se é jovem uma vez e porque já não é nem “menina nem moça” convidou-me para ir com ela passear pelos caminhos das “caminhantes” na barragem mais linda do mundo.
Disse-me que queria ver e saber um pouco da terra que a viu nascer.
Já não a via vai para mais de cinquenta anos. Mais que uma vida para alguns.
Mostrei-lhe quase tudo que há para ver na terra dos sonhos e da magia.
Não ligamos ao Carnaval que animava a nossa terra. Mas ouvíamos o barulho da alegria que reinava nas bandas da escola.
Convidei-a para irmos ver o corso carnavalesco porque possivelmente teria muitas pessoas da nossa geração.
Não quis ir para não recordar os momentos mais felizes da vida dela.
Antes de partir tirou da sua mala um pequeno saco de pano.
Pediu-me que apanhasse um pouco de terra da nossa terra e metessse dentro do saquinho.
Depois meteu o saco onde tinha estado e com as lágrimas a correrem-lhe pela face tirou da mesma o seu último livro e ofereceu-me com uma dedicatória já escrita
Na capa tem a imagem mais bonita que alguma vez vi da terra que amo: ALPIARÇA.
Quando se foi disse-me: “Nunca mais nos veremos. Ama a nossa terra por mim e por ti para que ela saiba sempre como foi amada”.
Sozinho sentei-me dentro do meu carro e abri o livro....
Esta noite quando as estrelas chagarem já estarei no meu castelo a ler o livro de quem nunca mais verei na minha vida.
As palavras dela são como fazer amor porque mexem dentro de nós.
Amarei a minha terra por mim e por ela
«acMMXX»

Sem comentários:

Enviar um comentário