«Estes textos são apenas ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.»

quinta-feira, 13 de junho de 2019

O PÃO DO "INEIA" (*)


Na minha meninice todas as semanas a minha mãe mandava-me ir  ao "Ineia" para comprar  "um pão de quilo" na  "Padaria do Almeirante".
As minhas pernas eram pequenas e os meus passos curtos.
Ir ao "Ineia" comprar pão era um "inferno".
Era como ir ao "fim do mundo" buscar um pão que às vezes até parecia que pesava mais do que eu.
Valia-me a "cachopada" que encontrava pelo caminho  e  me convidava para a brincadeira ou  ir até ao "Charco".
Muitas vezes perdia a noção do tempo.
Por norma passo no "Ineia" quase todos os dias.

Ontem a  SOPHIA disse-me:

"Vai à 'Padaria do Ineia' junto da 'Casa dos Frangos' que lá encontras o pão que gostas.
Amanhã (hoje) quando te for ver quero que me mostres as bolinhas que compraste."
E fui.
Não por me  ter "mandado" mas porque não me custava nada lá ir.
Ui...
As minhas "bolinhas" lá estavam e aquelas que mais gosto já tinham acabado, porque "se venderam todas"  disse a funcionária.


Quando olhei para a montra, o que vi:

"Arrufadas" parecidas com as que minha mãe me dava quando criança.
Comprei duas.

Uma para mim e outra para a SOPHIA.

Logo, quando  me abraçar e eu a  beijar, no meio de nós, vai estar o gosto do côco, o côco que tanto gosto.
Continuo a gostar deste caminho e do "Ineia" porque tem pedaços da minha infância.

(*) o Ineia mais não é do que a Rua Ricardo Durão, entenda-se desde a Rotunda até ao Largo do Cravo 

Sem comentários:

Enviar um comentário